Thursday, August 24, 2006

Entrevista capítulo um




a Joana Gorjão Henriques, jornalista do publico escreveu-me a pedir para dar uma entrevista escrita ante ontem, que deve ser publicada no jornal O Publico num destes dias. como parte do texto vai ser cortado e tem um outro enquadramento, vou deixar aqui no nosso blog a transcrição das três perguntas que ela me fez. mas como são extensas as minhas respostas vou fazê-lo em três capitulos.

assim segue a primeira pergunta e a primeira resposta. vou acrescentar fotos de projecções video que temos feito à porta do Aurora Nova para atrair mais publico ao nosso espectáculo. temos tido mais espectadores nestes ultimos dias e um numero crescente de promotores de muitas origens diferentes. estamos a crescer em todas as dimensões. e já vendemos o espectáculo para um festival na alemanha em março de 2007. outros acordos se aguardam entretanto.

A primeira pergunta da Jornalista João Gorjão Henriques:
Como está a ser a experiência de apresentar uma peça no festival de Edimburgo? (é a primeira vez?)

A minha resposta:
Sim é a primeira vez que participo no festival Fringe de Edimburgo. Já cá tinha estado como espectador, mas como artista é a primeiríssima vez. A experiencia é muito complexa de se descrever, pois passa por diferentes estados e por distintos acontecimentos que a tornam extrema. No começo foi com preocupação e com alguma lentidão que nos fomos habituando à ideia de que estávamos no maior festival da Europa e talvez do mundo, pelo menos no que diz respeito ao número de espectáculos apresentados. A peça já não era apresentada desde Outubro do ano passado e por termos apenas umas horas de montagem foi tudo muito instável no começo. Mas na verdade as coisas estão feitas aqui para se contar com esse primeiro embate. Na verdade começámos a apresentação de espectáculos dois dias antes de o Festival oficialmente começar. Assim tivemos tempo de nos enquadrar na enorme pressão que é aqui estar a fazer espectáculos numa mesma sala com mais doze companhias. Ou seja são duas salas e seis espectáculos numa delas e sete na outra. Cada espectáculo tem direito a duas horas de ocupação da sala diariamente e nesse espaço de tempo tem de montar espectáculo, fazê-lo e depois desmontar para a próxima companhia apresentar o seu sem nenhuma falha. Nos primeiros dias até a máquina estar oleada é de loucos como se pode facilmente calcular. Foi um enorme sobressalto em que os choques emocionais e o cansaço se manifestaram por vezes. Mas depois tudo acalmou e lá começou a batalha para a divulgação do nosso espectáculo entre cerca de mais de oitocentos espectáculos diários que estão a acontecer aqui. Aí revelamos alguma inadaptação e falta de conhecimento de algumas regras do jogo, conjugado com o desconhecimento do meu trabalho por aqui, levou a que tivéssemos uma primeira semana com pouco público. Aqui convém dizer que as condições que temos comparado com a maioria das outras companhias são muito desfavoráveis para nós. Isto aliado à falta de tradição e de conhecimento da arte portuguesa por aqui, levam a olhar o nosso trabalho com alguma relutância, misturado com ignorância também sem dúvida. Mas lentamente, nesta terceira semana que se passou as coisas têm começado a correr melhor. É preciso realçar que a aposta que aqui estamos a fazer tem várias componentes e uma delas é a divulgação do meu trabalho no estrangeiro: nesse aspecto as coisas estão a correr o melhor possível que podíamos ter imaginado; estamos neste momento em conversações com três locais em Inglaterra para apresentar o espectáculo, temos um convite para Bona na Alemanha em Março do próximo ano, temos um convite para ir ao Brasil, temos um convite para ir à Coreia, não apenas para um espectáculo, mas também para apresentar parte do meu trabalho como artista plástico, nomeadamente uma serie de vídeos, tenho um convite para trabalhar com um outro artista coreano, estou a apresentar o meu trabalho a duas galerias daqui; por certo alguns destes contactos não se confirmarão mas outros devem aparecer e nesse aspecto juntamente com as excelentes críticas que temos tido estou a sentir que tem sido preciosa a vinda aqui.

um abraço para portugal

João Garcia Miguel

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